Maçariquinha

20 de Junho de 2011
Nascida em 23 de março de 1988 na cidade de Salvador, sempre me encantei pelas artes. Começei a fazer teatro aos 11 anos na Pracatum, depois pela Fundação Cultural da Bahia, já com uns 15 anos começei a fazer oficina de canto na Escola de Música da Ufba e sempre gostei de dançar. Começei a ter curiosidade sobre a dança, gostaria de aprender algumas técnicas, conhecer a história, pessoas que contribuíram e contribuem com a dança, então entrei numa academia de dança próximo a minha casa fazendo  com 17 anos. A partir daí me encantei pela dança. Em 2008 me mudei para Maceió onde fiz um curso técnico em teatro na Universidade Federal de Alagoas e descobri que havia o curso de dança recentemente criado. Tinha apenas 2 anos. No ano seguinte fiz o vestibular pra dança e passei, tive oportunidade de criar e participar de trabalhos maravilhosos, como o da Cia dos Pés - Poética da Cidade em Qual a história que você quer que eu conte? e Miami dos mendigos ou As privadas. No final de 2009 resolvi voltar pra casa, Salvador, onde ingressei no curso de dança da Universidade Federal da Bahia no segundo semestre de 2010 através das vagas residuais.
Me identifico muito com a dança popular, para mim significa mais que uma matéria, é um resgate das matrizes, da essência, é  a dança da identidade. Através das aulas ministradas pela Pró Daniela Amoroso tive a oportunidade de buscar na mamória, sabores e emoções únicas de momentos que vivi na infância e na adolescência. Agradeço a todos os colegas e a Dani que partilharam comigo esses momentos.
Algumas memórias:

 Antes de 1 ano...

 Com 3 anos depois de uma quedinha básica... Amo essa foto!


 Pronta para uma festinha de São João...


 Minha primeira apresentação de dança no teatro...



 Escola Técnica de Teatro da UFAL...


 Faculdade de Dança da UFAL...


 
 Faculdade de dança da UFAL....


 Qual a história que você quer que eu conte?


 Miami dos Mendigos ou As privadas

22 de Junho de 2011


Através dos conhecimentos adquiridos durante as aulas de prática de capoeira, dinâmica de samba de roda, reisado e o boi do maranhão, Dani pediu que criássemos uma relação com o objeto, tentando se lembrar de momentos vividos na infância como brincadeiras.

Minha sensação, foi maravilhosa, consegui me lembrar de diversos momentos inclusive quando me sentava na porta de casa pra chupar manga. Eu pude sentir o sabor, o cheiro da manga até o caldo escorrendo pelos braços. Na improvisação eu criei uma relação com Dirceu muito gostosa, o objeto dele foi uma ampulheta, de um lado escrito “Fica comigo” e do outro escrito “ Eu te amo”. Descrever a sensação é muito difícil, o que posso dizer é que foi muito gostoso e prazeroso! Hein Dirceu??

Em outra aula Dani nos mostrou uns livros com fotos de carybé e pataxós, a partir daí escolheríamos uma foto e embasado no que já tinha sido trabalhado de movimentos fazer a foto e desfazer a foto no corpo. Escolhi a foto do livro: imagens do Povo Xavante, do livro Raizes do Povo Xavante, de Rosa Gauditano. Caixa Econômica Federal. Sao Paulo, 2003. O incrível é que a minha foto foi muito parecida com a sensação da aula anterior. Era um índio chupando manga. Para a primeira experiência de construção da foto o resultado obtido para mim foi satisfatório. Embora a foto fosse de uma criança e no trabalho anterior eu também mostrei a imagem de uma criança, eu tentei mudar, tentei me enxergar naquela criança, ou seja não mais criança. Através de depoimentos dos meus colegas percebi que consegui o que eu queria. Porém a minha sensação, o prazer já não era o mesmo. Será que o personagem realmente não foi nessa segunda experiência e a primeira eu me enxerguei mais? Até hoje me questiono a respeito sobre. Para mim é muito importante essa vivência, pois em todo momento eu reflito “estou mesmo sendo Deane?”. Papo de maluco né? Mas é assim que me sinto e que me senti durante as aulas.

Nesta mesma experiência das fotos Dani pediu para eu e Mab fazermos juntas as construções das nossas fotos. Para mim foi incrível, meu sentimento foi de compaixão pelo bêbado, ao mesmo tempo uma vontade de ajudar. Para quem não sabe, Mab utilizou um bêbado para chegar até a sua foto.

Na terceira etapa, já em outra aula, Dani pediu para que agente fixasse uma seqüência até chegar à foto. Não obtive resultado algum. Não consegui fazer. O movimento até que criei, mas para mim, a dança envolve sentimentos e sensações, o que não senti. Não consegui distinguir a imagem da criança ou do adulto, não consegui me decidir. Foi um momento de confusão total. Peço desculpas aos meus colegas e a Dani por não ter apresentado a construção da minha foto, tenho a consciência do quanto era importante para o trabalho a contribuição. 


27 de Junho de 2011

Houve  duas aulas que Dani convidou dois professores Rafael Rolim, mestrando em Artes Cênicas, dançarino e pesquisador do Reisado do Cearà e Enio Bernardes, arte-educador e musico. Gostei muito das aulas, ter contato com o reizado foi uma boa experiência, nunca tinha vivenciado antes. para mim foi apenas uma ótima aula de estudos das matrizes populares, pensar nos pés, quadril, a relação com o espaço e tempo, embora sensação mesmo, de querer mais e mais, de poder fechar os olhos e permitir que o corpo fale,  por isso me identifiquei  mais com a aula percussiva, com o samba, de poder fazer música. Essa junção de música e dança me fascina. Sentir uma sensação de bem estar inexplicável, coisas que só a dança me pertime sentir! Estou cada dia mais apaixonada pelo samba!
No São João viajei para o Capão, lugar lindo com muitas manifestações populares, maracatu, samba, capoeira, forró....
Me encantei pelo samba deles, é um estilo diferente, meio pulado, uma pena que não tive como filmar, a capoeira angola, o forró pé de serra e a cidade uma vilazinha bem pequena, pessoas simples, muitos turistas, tirei algumas fotos, quem quizer vale muito apena conferir!














 17 de Junho de 2011
 
Maçariquinha na beira da praia,
Como é que sua mãe lava a saia
É assim é assim é assim ô lêlê,
É assim que sua mãe lava a saia

Maçariquinha ... rsrs ... Nome sugerido pela Pró Dani que eu amei... Essa música me faz lembrar da época em que eu ia para o interior e via muitas mulheres lavando roupas na beira do rio (onde eu me divertia muito tomando banho), carregando baldes com água na cabeça. Não só no interior como na própria capital, na Lagoa do Abaeté, quando eu cursava o ensino fundamental, esse lugar foi muito marcante nessa época da minha vida.
As cantigas de roda são sem dúvida 100% influente na formação da minha personalidade. Fez parte de muitas brincadeiras, e que sem dúvidas eu guardo e quero poder passar para meus filhos, netos, bisnetos ... no intuito de que essa tradição tão linda, rica, TRADICIONAL, não seja esquecida. Isso faz parte da formação de um ser, do entendimento do " quem sou?". E essas cantigas nessa aula da música da maçariquinha  vinheram na mente, me permitindo lembrar de momentos, sensações maravilhosas me levando até a sentir uma nostalgia, título que resultou em um álbum no facebook. Sinto nostalgia do passado, do meu presente e sem dúvidas sentirei também de um futuro próximo!
Algumas das cantigas que me lembrei.

"Sai, sai, sai
Ó piaba
Saia da lagoa
Bota a mão na cabeça
Outra na cintura
Dá um remelexo no corpo
Dá uma umbigada
Na outra."

"Capelinha de melão
É de São João
É de cravo, é de rosa,
É de manjericão
São João está dormindo
Não acorda, não
Acordai, acordai,
Acordai, João!"

"Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré.
Olha Palma, palma, palma,
Olha Pé, pé, pé
Caranguejo não é peixe,  carangueijo peixe é!"

"Atirei o pau no gato, tô
mas o gato, tô tô
não morreu, reu, reu
dona Chica, cá cá
admirou-se, se se
do berrô, do berrô, que o gato deu, Miau! "

"Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia-volta, volta e meia vamos dar
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou
Por isso, D. Fulano entre dentro dessa roda
Diga um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora
A ciranda tem tres filhas
Todas tres por batizar
A mais velha delas todas
Ciranda vai se chamar"

"Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar.
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá. "

"A barata diz que tem tem tem
Sete saiaia de filólóló
É mentira da barata
Ela tem é uma só
hahaha! hohoho!
Ela tem é uma só (bis)
A barata diz que tem tem tem
Sete saiaia de balãolãolão
É mentira da barata
Não tem dinheiro nem pro sabão
hahaha! hohoho!
Nem tem dinheiro pro sabão (bis)
A barata diz que tem tem tem
Um sapatoto de fivelala
É mentira da barata
O sapato é da mãe dela
hahaha! hohoho!
O sapato é da mãe dela (bis)"

"A canoa virou
Pois deixaram ela virar
Foi por causa de Fulana
Que não soube rimar
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Eu tirara Fulana
Do fundo do mar"

"Ai, eu entrei na roda
Eu entrei na roda dança
Eu não sei como se dança
Eu não sei dançar
Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um
Tenho sete namorados só posso casar com um
Namorei um garotinho do colégio militar
O diabo do garoto, só queria me beijar."

"Alecrim, Alecrim dourado
Que nasceu no campo
Sem ser semeado
Foi meu amor
Quem me disse assim
Que a flor do campo
É o alecrim"

"Eu vi uma barata
Na careca do vovô
Assim que ela me viu
Bateu asas e vôou.
Seu Joaquim quim quim
De perna torta ta
Dançando valsa sa
Com a Maricota ta" 

"Borboletinha
Tá na cozinha
Fazendo chocolate
Para a vizinha
Poti, poti
Perna de pau
Olho de vidro
Nariz de pica pau pau pau" 

"Cai, cai balão
Cai, cai balão
Aqui na minha mão
Não cai não, Não cai não, Não cai não
Cai na rua do sabão
Eu ralo o coco, eu piso o milho
Trabalho com as mãos
Mexe, mexe, Mexe, mexe, Mexe, mexe
A canjica de São João"

"Fui morar numa casinha nha
Infestada da de cupim pim pim
Saiu de lá lá lá
Uma Princesinha nha
Olhou pra mim
Olhou pra mim e fez assim:
Smack! "

"Eu vi o sapo po
Na beira do rio rio rio
De camisa verde de
Morrendo de frio frio frio
Não era sapo po , nem perereca ca
Era Fulano só de cueca"

"Fui ao mercado comprar café
E a formiguinha subiu no meu pé
Eu sacudi, sacudi, sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir
Fui ao mercado comprar batata roxa
E a formiguinha subiu na minha coxa
Eu sacudi, sacudi, sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir
Fui ao mercado comprar limão
E a formiguinha subiu na minha mão
Eu sacudi, sacudi, sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir
Fui ao mercado comprar jerimum
E a formiguinha subiu no meu bumbum
Eu sacudi, sacudi, sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir"

"Fui no Tororó
Beber água e não achei
Achei bela morena
Que no Tororó deixei
Aproveita minha gente
Que uma noite não é nada
Se não dormir agora
Dormirá de madrugada
Ó Dona Maria
Ó Mariazinha entrarás na roda
Ou ficarás sozinha
Sozinha eu não fico
Nem hei d ficar
Porque tenho Fulano
Para ser meu par"

"Marcha soldado
Cabeça de papel
Quem não marchar direito
Vai preso no quartel
O quartel pegou fogo
A polícia deu sinal
Acuda, acuda, acuda a bandeira nacional
Brasil 2000, quem se mecheu saiu
Da escola infantil, só paga 1000"

" O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada
O cravo ficou doente
A rosa doi visitar
O cravo teve um desmaio
E a rosa pôs - se a chorar"

"Como pode um peixe frio
Viver fora da água fria
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia"

"Fulana não é capaz
De jogar o pião no chão
Rebola xuxu, rebola xuxu
Rebola se não eu caio"

"Eu sou pobre pobre pobre
De marré marré marré
Eu sou pobre pobre pobre de marré de si
Quero uma de vossas filhas
De marré marré marré
Quero uma de vossas filhas de marré de si
Escolhei a qual quiser
De marré marré marré
Escolhei a qual quiser de marré de si
Eu quero Fulana
De marré marré marré
Eu quero Fulana de marré de si
Que ofício dará a ela?
De marré marré marré
Que ofício dará a ela de marré de si?
Dou o ofício de fachineira
De marré marré marré
Dou o ofício de fachineira de marré de si
Ela diz que aceitou
De marré marré marré
Ela diz que aceitou de marré de si"

"Sabiá foi na gaiola
Fez um buraquinho
Voou, voou, voou
E a menina que gostava tanto do bichinho
Chorou, chorou, chorou
Sabiá fugiu do terreiro
Foi morar lá no abacateiro
E a menina começou a chorar
Vem cá sabiá, vem cá"

"Sai, sai, sai ô piaba
Saia da lagoa 
Bota a mão na cabeça,
Outra na cintura
Dá um remelexo no corpo 
Dá uma umbigada na outra"

"Samba Lê Lê ta doente
Tá com a cabeça quebrada
Samba Lê Lê precisava
É de umas boas palmadas
Samba, samba, samba ô Lê Lê
Quebra, quebra , quebra ô Lá Lá
Desce, desce, desce ô Lê Lê
Sobe, sobe, sobe ô Lá Lá"

"Se essa rua, se essa rua fosse minha
Eu mandava , eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes
Para o meu, para o meu amor passar,
Nessa rua, nessa rua tem um bosque
Que se chama, que se chama solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração
Se eu roubei, se eu roubei seu coração
Tu roubaste, tu roubaste o meu também
Se eu roubei, se eu roubei seu coração
É porque, é porque te quero bem"

"Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos três com chapéu na mão
O primeiro, foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro, foi aquele
Que a princesa deu a mão
Da laranja quero um gomo
Do limão quero um pedaço
Da morena mais bonita
Quero um beijo e um abraço"

Que eu me lembre só dessas. E claro a cantiga do muriquinho que Dani já postou e amo cantar. Estou emocionada, e me emocionei durante a escrita das cantigas.   Me alegro por saber que não esqueci, me surpreendi comigo mesma quando vi a quantidade de cantigas que havia postado. Por um momento consegui voltar a uns tempos atrás e ver diversas cenas. Obrigada Dani, esse trabalho é maravilhoso, nos faz lembrar a nossa identidade, nossas tradições. Estou encantada e cada vez mais apaixonada pela cultura popular.